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Núcleo Espírita Assistencial "Paz e Amor"

Estamos Aqui!!!

Informativo mensal do NEAPA
Índice

Muito se pedirá àquele que muito recebeu

08/1998 | Estamos Aqui!!!

Alexandre Ferreira

Imagem do informativoNão há dúvidas de que podemos nos considerar privilegiados por estarmos desfrutando desta maravilhosa Doutrina dos Espíritos. Ao compreendermos o motivo de nossa existência terrena e o porquê de nossos sofrimentos e dificuldades, tudo fica mais fácil, tornando-nos fortes e confiantes para que prossigamos nossa jornada evolutiva rumo ao Pai Maior.

É preciso, porém, que não nos esqueçamos de que quanto mais recebemos esses ensinamentos das esferas espirituais, maiores se tornam as nossas responsabilidades, pois a Doutrina nos mostra, com clareza, o que devemos ou não fazer e quais devem ser nossas atitudes para com nossos semelhantes.

O espírita, portanto, não pode alegar ignorância e falta de conhecimento, nem tampouco procurar justificativas e desculpas a cada erro que comete. Deve, ao contrário, lutar contra suas imperfeições, procurando melhorar-se quanto possível.

Para melhor ilustrarmos essa verdade, transcrevemos, a seguir, parte do conto de Humberto de Campos, do livro Cartas e Crônicas, psicografado por Francisco Cândido Xavier.

“(…) Conta-se que Allan Kardec, durante o repouso, viu-se fora do corpo, em singular desdobramento… Junto dele, identificou um enviado de Planos Sublimes que o transportou, de chofre, a nevoenta região, onde gemiam milhares de entidades em sofrimento estarrecedor. Soluços de aflição casavam-se a gritos de cólera, blasfêmias seguiam-se a gargalhadas de loucura.

Atônito, Kardec lembrou os tiranos da História e inquiriu: – Jazem aqui os crucificadores de Jesus?

– Nenhum deles – informou o guia solícito. – Conquanto responsáveis, desconheciam, na essência, o mal que praticavam. O próprio Mestre auxiliou-os a se desembaraçarem do remorso, conseguindo-lhes abençoadas reencarnações, em que se resgataram perante a Lei.

– E os imperadores romanos? Decerto, padecerão nestes sítios aqueles mesmos suplícios que impuseram à Humanidade…

– Nada disso. Homens da categoria de Tibério ou Calígula não possuíam a mínima noção de espiritualidade. Alguns deles, depois de estágios regenerativos na Terra, já se elevaram a esferas superiores, enquanto que outros se demoram, até hoje, internados no campo físico, à beira da remissão.

– Acaso, andarão presos nestes vales sombrios – tornou o visitante – os algozes dos cristãos, nos séculos primitivos do Evangelho?

– De nenhum modo – replicou o lúcido acompanhante -, os carrascos dos seguidores de Jesus, nos dias apostólicos, eram homens e mulheres quase selvagens, apesar das tintas de civilização que ostentavam… Todos foram encaminhados à reencarnação, para adquirirem instrução e entendimento.

O codificador do Espiritismo pensou nos conquistadores da Antiguidade, Átila, AlaricoI, Gengiscão… Antes, todavia, que enunciasse nova pergunta, o mensageiro acrescentou, respondendo-lhe à consulta mental:

– Não vagueiam, por aqui, os guerreiros que recordas… Eles nada sabiam das realidades do espírito e, por isso, recolheram piedoso amparo, dirigidos para o renascimento carnal, entrando em lides expiatórias, conforme os débitos contraídos…

– Então, dize-me – rogou Kardec, emocionado -, que sofredores são estes, cujos gemidos e imprecações me cortam a alma?

E o orientador esclareceu, imperturbável: – Temos junto de nós os que estavam no mundo plenamente educados quanto aos imperativos do Bem e da Verdade, e que fugiram deliberadamente da Verdade e do Bem, especialmente os cristãos infiéis de todas as épocas, perfeitos conhecedores da lição e do exemplo do Cristo e que se entregaram ao mal, por livre vontade…”

“O servo que souber da vontade do seu amo e que, entretanto, não estiver pronto e não fizer o que dele queira o amo, será rudemente castigado. – Mas, aquele que não tenha sabido da sua vontade e fizer coisas dignas de castigo, menos punido será. Muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado e maiores contas serão tomadas àquele a quem mais coisas se haja confiado” (S. Lucas, cap. XII, v v. 47 e 48).