Até quando continuaremos “Tentando Ser Espíritas”?
Raphael Rios
No informativo deste mês, nossa companheira Marcia Farbelow entrevista nosso querido amigo Marcial Ferreira Jardim, que nos dá importantes esclarecimentos sobre diversos assuntos doutrinários.
Em uma das perguntas, quando indagado se seria muita pretensão nos denominarmos espíritas, em face da grandeza da Doutrina, Jardim nos dá a seguinte explicação:
Quando perguntamos a um irmão evangélico, qual é a sua religião, imediatamente e com segurança, nos responde: “eu sou evangélico”. Quando perguntamos para um irmão católico, naturalmente nos responde: “sou católico apostólico romano”.
Mas, quando esta mesma indagação, fazemos a um irmão espírita, é comum ouvirmos este comentário: “eu estou tentando ser espírita”. Eu pergunto: Até quando vamos continuar tentando? Até quando vamos colocar nos nossos lábios estas palavras, que muitas vezes soam aos ouvidos daqueles que nos escutam, como que envolvidas por falsa modéstia? Meus queridos companheiros de jornada: no meu entender, a partir do instante em que nos conscientizarmos da verdade reencarnacionista e de que a reforma íntima, fundamentada nos ensinamentos docemente deixados pelo Cristo Jesus, fonte viva do amor, já foi por nós iniciada visando o evolver da nossa alma, não restam dúvidas de que a realidade espiritual adentrou o imo do nosso ser e, portanto, nada mais justo nos considerarmos espíritas, independentemente da curta ou da longa caminhada que teremos de empreender para podermos usufruir, finalmente, da presença do Mártir da Cruz a nos fazer dúlcida companhia. Tenhamos sempre em mente que “reconhece-se o verdadeiro espírita por sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar as más inclinações”.
A BUSCA PELO NOSSO APRIMORAMENTO ESPIRITUAL
Esta entrevista carinhosamente concedida pelo nosso irmão Jardim, muito nos envolverá de intenso sentimento de amor, inspirando nossas mentes e nossos melhores sentimentos, auxiliando-nos a criar condições de paz onde esta se fizer necessária, a cada vez que abrirmos as portas de nossos corações.
Estamos Aqui – Jardim, como triunfar nesta vida terrena a fim de se atingir um mundo melhor, se somos ainda espíritos impuros?
Para triunfarmos nesta nova oportunidade terrena que o Pai da Vida misericordiosamente nos oferta, é preciso amarmos uns aos outros e nos instruirmos nos conhecimentos da terra e dos céus. Como conseguí-lo? Como fazer de cada momento por nós vivido um marco luminoso a clarear nossos caminhos ensejando-nos novas oportunidades para o espírito? “Seguindo tão somente os ensinamentos de Jesus, fazendo a todos aqueles que cruzarem nossos caminhos o mesmo que Ele faria se estivesse em nosso lugar”.
EA – Para fim de edificação espiritual, o que devemos extirpar de nossa alma?
O egoísmo contumaz, fiel aos nossos pensamentos equivocados, atitudes e instintivo agir. Para tanto, procuremos esquecer um pouco de somar, de multiplicar e coloquemos em prática o dividir, que estimulará em nós a caridade, virtude essa tão esquecida. Deixemos de conjugar o verbo sempre na primeira pessoa do singular, “eu sou”, “eu necessito”, utilizando a primeira pessoa do plural: “nós somos”, “nós necessitamos”, para finalmente irmos mais além, ao encontro da terceira pessoa do plural: “eles são”, “eles necessitam”. Assim agindo, gradativamente, iremos extirpando o egoísmo da nossa alma, fazendo, doce e definitivamente, emergir do âmago do nosso ser, o verdadeiro amor.
EA – Qual a recomendação mais importante que o Irmão Karl lhe deixou em favor dos assistidos?
A recomendação mais importante que podemos depreender, nesses quase 20 anos de convívio espiritual com este querido amigo, Irmão Karl, é “a de ficarmos sempre atentos as oportunidades que a vida, a cada instante, nos oferece para trabalhar em favor de todos aqueles irmãos que se encontram estiletados pela dor. A hora é agora, o lugar qualquer um, bastando, tão-somente, fazer emergir de nossa alma o verdadeiro amor cristão, acompanhando sempre da alegria contagiante e fraterna de servir”.
EA – Fale-nos sobre a Renúncia.
Quando entendermos que nossa felicidade somente poderá ser completa quando deixarmos aqueles companheiros que conosco jornadeiam neste planeta felizes também, perceberemos a presença íntima de Jesus dentro de nossos corações, incitando-nos ao trabalho despretensioso em favor dos nossos irmãos vitimados pelas dores do mundo. Assim, com espírito de solidariedade, poderemos amenizar os seus sofrimentos, fazendo repontar do fundo de nosso ser a certeza de que a renúncia consciente e indolor envolve a nossa alma, despontando em nós a fraternidade que enfim nos acompanhará, cobrindo com flores de amor, sem exigências, o chão de nossos caminhos.
EA – Qual a obra da literatura espírita que você mais apreciou?
O livro Nosso Lar, causou-me o mais forte dos impactos. O romance Ave Cristo, muito me emocionou, enquanto que as obras de Allan Kardec mudaram minha vida. A literatura espírita inebria nossa alma, transportando-a para além da matéria densa, fazendo-nos desfrutar do aroma perfumoso e eterno da espiritualidade, ensejando-nos antever o amanhã das nossas existências, estimulando-nos a crescer, evoluir, em direção aos ternos braços de Jesus.
EA – Como médium, tarefeiro, o que significa para você trabalhar na preservação e na edificação de outras vidas?
Considero-me, tão-somente, um companheiro de jornada como tantos outros em busca da luz, com virtudes e muitos equívocos, caindo, levantando, sorrindo, chorando…mas sempre, perseverando, procurando seguir com grandes esforços e dificuldades os rastros deixados nesta terra pelo Mestre de todos os mestres. Trabalhar nesta Casa Espírita, constitui para mim uma dádiva dos céus, pela qual, sinceramente, tenho enorme gratidão. Como tentativa de modesta retribuição por tudo aquilo que tenho recebido, venho me empenhando para, através das leituras edificantes e da perseverança no trabalho, aprimorar meus parcos recursos mediúnicos a fim de procurar facilitar aos Amigos Espirituais a transmissão de seus ensinamentos. Quando um dia, ainda muito distante, tiver edificado minha própria vida alicerçada no amor de Jesus, estarei devidamente preparado para testemunhar Seus ensinamentos e espargí-los em todas as direções que o Pai da Vida me permitir.
EA – Qual o seu conselho aos futuros tarefeiros da Casa?
Aos futuros tarefeiros desta Casa de Paz e Amor eu relembraria tão-somente, as sábias palavras deixadas pelo nosso querido Allan Kardec: “Espíritas, amai-vos e instruí-vos”.