Espiritismo consciente
trecho do prefácio do livro “Prazer de Viver”, de Ermance Dufaux
Colaboração: Adriano Isaac
“(…) Cuidemos com vigilância, para que o Espiritismo, essa ferramenta de evolução, não se torne mais um instrumento de tortura em nossa vida. Em nossas casas de amparo na erraticidade, muitos corações sinceros e exemplares no desprendimento e na ação do bem encontraram pela frente a aflição e a angústia, tombando em lamentáveis crises de descrença e revolta. A razão? Descuida-ram de si próprios. Negaram o contato com a realidade interior. Deixaram de pedir ajuda. Acreditaram em uma personalidade mentalmente projetada e perderam o contato com suas emoções mais profundas. Alguns deles se renderam confiantes a conceitos e estruturas organizacionais reconhecidas e consagradas na comunidade, e somen-te aqui puderam aferir a extensão da ilusão que cultivaram.
Hipnotizaram-se com cargos, mediunidades, talentos verbais, ações beneficentes e outras tantas iniciativas abençoadas e esqueceram-se do mais importante – a humanidade da qual somos portadores. Negaram a con-dição de criaturas simplesmente hu-manas.
No fundo de suas espinhosas decepções, estava um sentimento nuclear em assuntos de aprimoramento espiri-tual, o medo. O medo do confronto com os próprios sentimentos.
O Espiritismo é um convite à vida consciente e responsável. Conhe-cer a sombra não significa adotá-la. Entretanto, a título de responsabilidade, muitos amigos da caminhada de espiritualização equivocam-se em relação ao ensino oportuno de Jesus – que recomenda negarmos a nós mesmos – e adotam a fuga silenciosa, postergando para o desencarne a incursão no mundo interior”.