Censura: falta de liberdade ou necessidade?
Da redação
Temos notado, nos últimos tempos, uma certa preocupação por parte dos pais, professores e outros profissionais, quanto ao baixíssimo nível dos meios de comunicação brasileiros, em especial de nossa televisão.
Atualmente, a programação da TV brasileira está repleta de cenas de violência, sexo e exposição de imagens bizarras e agressivas.
Um fato curioso, que nos chamou a atenção, foi o noticiário do Jornal “Bom Dia Brasil”, da TV Globo, que criticava duramente a nova onda musical do Rio de Janeiro, conhecida como “Funk”. Segundo psicólogos e educadores entrevistados, essas musicas incitam a violência, estimulam a sexualidade e denigrem a imagem da mulher.
A indignação dos apresentadores do Jornal e dos entrevistados contra este estilo de música (se é que podemos chamar de música) era tamanha que chegou a nos impressionar positivamente.
Mas bastou entrarem no ar os comerciais para que pudéssemos conferir algumas das atrações do Faustão, do Caldeirão do Huck e do Mega Tom: entre elas a tão criticada banda “Funk” do Rio de Janeiro, “imperdível” segundo os reclames da emissora. Essa é apenas uma parte do triste quadro de nossos meios de comunicação.
Durante os anos de ditadura militar vividos em nosso país, o direito de expressão da população foi duramente impedido. Os meios de comunicação sofreram rígido controle e muitas informações não podiam ser transmitidas a população.
Com o término deste período, o Brasil viveu e ainda vive, principalmente nos meios de comunicação, um regime de total liberdade ou porque não dizer, liberalidade.
Talvez traumatizados pelo duro período de ditadura, a palavra censura nos provoca calafrios e é duramente combatida em nome da democracia. Diz-se que a censura deve ser feita por cada cidadão brasileiro, em seu próprio lar, e que ninguém tem o direito de decidir algo por nós.
Seguindo este pensamento, quem deve decidir se uma criança deve ou não assistir à um programa de TV violento, ou com cenas de sexo, são seus pais. Da mesma forma, impedir a veiculação de programas sensacionalistas e de baixo nível, seria um atentado a esta democracia.
Gostaríamos de deixar aqui, entretanto, uma pergunta para reflexão de nossos leitores: será que todas as pessoas têm condição de decidir, sozinhas, o que é bom ou não para elas e para seus filhos? Se deixarmos nossos filhos decidirem entre, na hora do almoço, tomar uma taça de sorvete ou comer o tão importante arroz e feijão, o que vão preferir? Com certeza o sorvete que é mais gostoso, mas muito menos nutritivo. Se não as orientarmos, proibirmos e, de certa forma, censurarmos suas atitudes, não serão capazes de saber o que é melhor para seu crescimento.
E no caso dos programas de televisão, se não houver uma censura positiva (como hoje não há), as pessoas optarão pelos programas de baixo nível. E, para competirem e até sobreviverem, as outras emissoras também produzirão programas na mesma linha, e, com isso, a qualidade dos programas de TV como um todo será baixa e não trará qualquer benefício à população.
Quem sabe se, no momento em que as pessoas deixarem de comparar censura com ditadura, teremos programas mais educativos, profissionais mais qualificados, letras de músicas mais elaboradas, menos violência e menos cenas de sexo.
Talvez com essas medidas, em um futuro próximo, teremos uma população mais consciente politicamente, com mais educação e cultura, capaz de escolher sozinha, entre uma taça de sorvete e um nutritivo arroz com feijão.