Perseverança e amizade: os melhores remédios
Eliane O. Mianni Motta
Temos muitos amigos em “Pira”. Um deles é o Vavá. Mora sozinho e é alcoólatra. Um coração de ouro bate em seu peito. Voz suave, gestos calmos, prestativo, receptivo e imensamente triste.
Nosso companheiro de caravana, Sr. Karel, assim que o viu, o adotou como irmão e passou a se preocupar com o seu bem-estar físico e espiritual. O carinho e a preocupação foram aumentando à medida que se percebeu a gravidade do vício.
Todos os conselhos, as palavras do Evangelho do Cristo, os passes magnéticos pareceram inúteis no dia em que o encontramos no mais lamentável estado de embriaguez.
A vergonha que o Vavá sentiu foi imensa, pois seu irmão Karel o abraçou e disse estar imensamente triste.
A tristeza do irmão machucou o coração do Vavá. Num gesto de nobreza e de força moral, o companheiro Karel pegou na mão desse irmãozinho e juntos jogaram o resto da pinga na pia da cozinha. Eu aproveitei o momento e pedi, com carinho, que ele jogasse toda sua tristeza junto com a bebida. Demos a ele um chá de boldo e o colocamos na cama. Fomos embora com o coração partido.
Um mês se passou… Vavá está sentado na varanda. Está sóbrio e feliz. Espera ansioso a visita dos amigos. Quer contar ao irmão Karel que não bebe desde aquele dia; quer contar, também, que visitou a família e todos estranharam a abstinência e principalmente, que recebeu a visita dos “amigos de vício” e recusou a bebida oferecida por eles.
Vavá está determinado a não beber. Sente-se bem e confiante. Um corte de cabelo, uma barba e roupas limpas oferecidos pelo grupo, aumentaram esse bem-estar. O Sr. Karel está feliz e diz que “ganhou o dia”.
Parabéns Vavá! a vitória é sua. A alegria é de todos!