Grupo Irmão Faria: um exemplo de desprendimento e de auxílio aos moradores de rua
Andréa H. Machado
Em junho de 1989, algumas pessoas, compartilhando a crença de que todos podem levar auxílio aos que dele necessitam, reuniram-se e fundaram o Grupo Irmão Faria que tem como objetivo auxiliar os moradores de rua que, em situação contrária à nossa, não têm o privilégio de possuir um lar onde possam se refazer do cansaço de um dia difícil e receber confortavelmente seus entes e amigos queridos.
Muitas vezes não percebemos o quanto estes aspectos são valiosos e proferimos infinitas orações pedindo o que nos falta, sem nos lembrarmos de agradecer e amar tudo aquilo que já possuímos.
Desde então, o grupo vem crescendo e, atualmente, conta com, aproximadamente, 30 tarefeiros que se reúnem todas as sextas-feiras na Casa Transitória Fabiano de Cristo da Federação Espírita do Estado de São Paulo.
As atividades se iniciam às seis horas da tarde com a escolha e confecção do cardápio que, geralmente, inclui um lanche, água fluidificada, chá ou leite, e quando possível uma sobremesa. Neste momento todos os presentes colaboram com seus dotes culinários.
Mas não é só isso; o grupo conta, também, com pessoas que se preparam para cuidar da saúde dos moradores, ou seja, fazer curativos e dar orientações referentes ao assunto.
Para a concretização do trabalho, o grupo conta com doações de alimentos, roupas, sapatos, cobertores, remédios, brinquedos e fraldas. Desta forma, toda campanha que puder ser feita com amigos e vizinhos é de grande valia.
Após a seleção do material a ser levado na caravana, os tarefeiros realizam o Evangelho pedindo proteção e luz para todos que se reunirão naquela noite.
A assistência segue roteiros anteriormente estudados, que são escolhidos segundo o número de assistidos e localidade, dando-se preferência às regiões que ainda não recebem outros grupos de auxílio.
Nas ruas que frequenta, o Grupo Irmão Faria encontra muitas necessidades, e estas não escolhem sexo, raça ou idade. Estão nas ruas famílias inteiras desde idosos até bebês que passam fome, sede, frio e falta de afeto. É interessante ressaltar que existem moradores que se reúnem frequentemente no mesmo local mantendo organização e regras próprias de sobrevivência e de trabalho (catadores de papel, guardadores de carros, etc.).
Ao contrário do que muitos imaginam, os moradores de rua não são, em sua maioria, indivíduos violentos e de má índole. São pessoas que, por motivos desconhecidos, passam por momentos difíceis em suas vidas e que estão à procura de uma oportunidade para recuperarem sua dignidade e amor próprio, iniciando um novo tipo de vida. Para os moradores de rua que desejem regressar ao lar, a equipe de voluntários, que conta com profissionais de diferentes áreas, presta assistência social, orientações para o trabalho, para retirada de documentos, ministra atendimento farmacológico e odontológico, curativos e encaminhamento para diferentes grupos de reabilitação.
Após conhecermos essa face noturna da cidade de São Paulo, convivendo uma noite com esses nossos irmãos menos afortunados, percebemos que esta realidade se nos apresenta muito mais triste do que ameaçadora, causando-nos menos medo e despertando nossa consciência para a importância dos trabalhos de auxílio e amor ao próximo.
Aqueles que quiserem colaborar com o grupo através de doações ou aderindo ao trabalho, deverão entrar em contato com Antenor à rua dos Estudantes, n.º 486, pelo Disk Irmão Faria, telefone 801-1397 ou através do e-mail: [email protected].