Simples Resposta
Pai João
Há muito tempo, um pobre homem, tendo vivido uma série de amargas experiências, cansado e extremamente decepcionado com o ser humano e consigo próprio, estava a meditar.
Procurava respostas que viessem amenizar os seus sofrimentos, dando-lhe forças para continuar enfrentando as vicissitudes, na esperança de encontrar, em definitivo, a felicidade.
Assim dizia:
Jesus…
O que devo fazer para que a Sua luz adentre o meu obscurecido coração?
Como viver neste mundo envolvente, que enaltece a matéria, estimulando os instintos e não esquecer-me dos Seus ensinamentos?
O que devo fazer para expulsar da minha alma a solidão implacável, substituindo-a pela Sua terna presença?
Como externar, através dos meus lábios, doces palavras que possam acarinhar outros corações, como Você o fez, quando aqui esteve, fazendo-nos companhia?
De que forma tomar meus ouvidos pacientes como os Seus, escutando os lamentos e as infâmias do mundo, amainando as dores e perdoando as ingratidões?
O que fazer para que os meus braços se transformem em pontes de amor, trazendo, para junto de mim, os deserdados da felicidade, como Você, pela Sua humildade cativante, demonstrou ser a ponte bendita, ligando a Terra aos céus?
Como fazer para que as minhas mãos sejam emissárias do carinho, do consolo e da caridade, como foram as Suas, que ofertaram, através da meiguice do Seu contato, estas jóias que emergiam do imo da Sua alma?
Como vislumbrar as facetas multicolores que o mundo nos expõe, da mesma forma que Você as enxergava, quando aqui esteve, mesmo tendo a alma flagelada pela nossa obstinada ingratidão?
Como fazer para conquistar a alegria de viver e transmiti-la a todos aqueles que me presenteiam com a companhia, tal qual Você, amavelmente, fazia exalar através do carisma da Sua presença?
Como manter o fraternal equilíbrio diante dos duros obstáculos que a vida nos impõe, tal qual Você, constantemente, testemunhava, através da harmonia e da paz que emanavam do Seu amorável coração?
Como perdoar e compreender, sem restrições, os equívocos alheios, como Você, mesmo preso ao madeiro infamante, caridosamente, perdoou aos seus algozes que, devido à pequenez das suas almas, não haviam ainda compreendido a sublimidade da Sua sacrificante missão?
Como eliminar da minha alma as emanações deletérias, provocadas pela constância dos meus erros, fazendo-a envolver-se pelo aroma perfumoso que emana, incessantemente, do Seu amantíssimo coração?
O que fazer para sentir a suavidade dos Seus passos, acompanhando-me, no dia-a-dia da minha existência?
Como Jesus? Como?
Assim suplicava o pobre homem, quando seus ouvidos espirituais, extasiados, captaram uma voz aveludada, parecendo-lhe que vinha dos céus, acariciando seu coração, balsamizando a sua alma a lhe dizer: “Para que consigas desfrutar todos estes tesouros, basta, simplesmente, amar da mesma forma e com a mesma intensidade que Eu te amo!”