Digno Labor
Pai João
A você alma querida, que busca na lida constante, conquistar o pão abençoado de cada dia, humildemente, endereço algumas poucas considerações que, espero, possam envolver o seu coração em suaves melodias de compreensão e amor.
Após um dia de trabalho repleno de responsabilidades, eis que, destinamo-nos ao refúgio bendito do lar que tão carinhosamente nos acolhe, a fim de repormos as energias, predispondo-nos à labuta do nosso próximo amanhã.
Corpo e mente cansados do digno labor, muitas vezes, de semblante fechado e impositivo, de gestos impacientes, de raras e insensíveis palavras, adentramos o lar bendito que nos reconforta, tal como a brisa suave a nos acariciar.
Envoltos em nós mesmos, vivenciando dificuldades solucionadas e outras ainda por resolver, não nos apercebemos que olhos cândidos, ouvidos pacientes, palavras cheias de mel e braços afetuosos nos aguardam com ansiedade, para, conosco, desfrutarem momentos sublimados de carinho, compreensão, sinceridade e amor.
Alquebrados pela jornada estafante, tomamo-nos insensíveis ao aroma perfumado que corações queridos, desinteressadamente, para nós emanam, dia após dia, paciente e amorosamente, com o mais natural desprendimento.
Supondo-nos possuidores de muito saber, de valores tantos, não nos dignamos a dialogar com estes seres amoráveis, pois, subestimamos seus conhecimentos, colocando-nos, vaidosamente, em degraus mais elevados, e, como consequência, desprezamos inúmeras oportunidades de desfrutar fluidos balsamizantes, impregnados da força mágica do amor, a nós enviados por aqueles corações queridos.
Com o passar do tempo, assim interagindo, vamos, pouco a pouco, carreando a estas doces criaturas o desalento, a solidão, a tristeza, enredando-as nas obscuras teias do desencanto.
Pelas experiências vividas no trabalho profissional, talvez tenhamos pela prática do pensar e agir, mais rapidez na tomada das decisões, mas, não tenhamos dúvidas, de que não podemos prescindir, em instante algum, dos eflúvios amorosos exalados por almas que conosco se propuseram a caminhar, lado a lado, passo a passo, independentemente das pedras ou das flores, que encontremos estrada afora.
O que seria da rosa, se não houvesse o caule que a sustenta e os espinhos que a protegem?
O que seria do fruto, sem a fortaleza dos galhos que o mantêm e da seiva generosa que o nutre?
O que seria do homem, sem o dulçor dos corações que o amam com toda a sinceridade?
Portanto, alma querida, todas as vezes que se aconchegar no lar, verdadeiro ninho de amor, tenha sempre o semblante descontraído, os ouvidos pacientes, o sorriso sincero, as palavras cheias de mel, os braços repletos de carinho e o coração pleno de amor.
Desta forma, você encontrará o refazimento necessário e a felicidade tão esperada e, por consequência, irá fazer com que as almas ao seu redor venham desfrutar a harmonia e paz e, todos, abraçados, espiritualmente, elevarão um hino íntimo em louvor ao Mestre do Amor que, em épocas idas, pisou o solo desta Terra generosa que em seu dúlcido regaço nos acolhe.