Cega Vaidade
Pai João
Por força dos conhecimentos auferidos pelas nossas mentes ao longo da escalada reencarnatória, pelas experiências e informações que vão adentrando o manancial dos nossos sentidos, somos, por vezes, instintivamente, impelidos a nos reconhecer possuidores de muitos conhecimentos, atribuindo-nos valores de que ainda não somos possuidores.
Assim sendo, gradativamente, tornamo-nos observadores atentos perspicazes, transformando-nos, pouco a pouco, em críticos frios e impiedosos, distanciando-nos do calor aconchegante da fraternidade e do amor.
Denunciando pretensioso saber, donos absolutos da verdade, sem nos apercebermos, vamos nos apartando do mundo pujante que nos circunda, passando a vivenciar, sutilmente, a solidão que para nós mesmos edificamos.
Corações a nós ligados pelos laços de consanguinidade, vão, lentamente, se dando conta dos nossos deslizes e equívocos, mas, por força do amor, compreendem-nos, perdoam-nos pela nossa indevida e cega vaidade, esperando que, com o passar do tempo, a vida possa ensinar-nos a simplicidade do verdadeiro caminho a ser trilhado.
Somente nos apercebemos das coisas e dos fatos que a nós e àqueles a quem amamos, interessa.
Senhores do mundo, achamos que de ninguém necessitamos, autossuficientes, achamo-nos capazes de viver sem de ninguém depender.
Ledo engano.
Não temos tempo para refletir a respeito do teto que nos cobre, das roupas que nos vestem, da mesa em que ao seu redor nos sentamos, do alimento que nos nutre, da água que mitiga a nossa sede, da cama que refaz nosso corpo da lida diária, do cobertor que nos protege, da luz que nos alumia, e que não foram por nós criados ou produzidos, pois foram milhares de mãos, por nós desconhecidas, que confeccionaram para atender às nossas, por vezes, tão primárias, necessidades.
Somos, tão-somente, usufrutuários dos tesouros do mundo e que, muitas vezes, temos dificuldades para reconhecer e aceitar.
Todos nós, sem qualquer exceção, necessitamos uns dos outros, e, juntos, somos capazes de muito e, sozinhos, reduzidos, estaremos às nossas mais ínfimas possibilidades.
Deixemos as críticas dizerem adeus à nossa mente, para que a musicalidade do amor adentre nossos ouvidos, para que a doçura envolva as nossas palavras e a nossa voz, para que o trabalho em favor do próximo preencha nossas mãos e para que o suave perfume do Cristo Jesus balsamize nossa alma.
Assim agindo, gradualmente, iremos reconhecendo a importância de cada ser humano que, como nós, busca a felicidade, sem nos darmos conta de que começaremos a encontrá-la quando compreendermos o verdadeiro sentido da caridade, da humildade e do reconhecimento dos valores e necessidades alheios, que o Divino Amigo, na Sua peregrinação por este bendito planeta azul, tão docemente vivenciou, tornando-se merecida e unanimemente reconhecido como o “Mestre de todos os Mestres”!