Estudando com Kardec
Do livro "O Espiritismo em sua mais simples expressão - por Allan Kardec (1804-1869)"
De acordo com os princípios da Doutrina Espírita, temos como principal diretriz que Fora da caridade não há salvação.
Mas que caridade é essa que nos liberta das amarras das paixões mundanas, que nos traz a salvação ?
Em o Evangelho Segundo o Espiritismo há um capítulo que nos explica com profundidade essa questão.
CAPÍTULO XV – FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
O capítulo é extenso e muito rico na explicação, mas tentaremos sintetizá-lo em uma passagem de Jesus.
“Então, levantando-se, disse-lhe um doutor da lei, para O tentar: Mestre, que preciso fazer para possuir a vida eterna? – Respondeu-lhe Jesus:
Que é o que está escrito na lei? Que é o que lês nela? – Ele respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma, com todas as tuas forças e de todo o teu espírito, e a teu próximo como a ti mesmo. – Disse-lhe Jesus: Respondeste muito bem; faze isso e viverás.
Mas, o homem, querendo parecer que era um justo, diz a Jesus: Quem é o meu próximo?
– Jesus, tomando a palavra, lhe diz:
Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu em poder de ladrões, que o despojaram, cobriram de ferimentos e se foram, deixando-o semimorto.
– Aconteceu em seguida que um sacerdote, descendo pelo mesmo caminho, o viu e passou adiante.
– Um levita, que também veio àquele lugar, tendo-o observado, passou igualmente adiante.
– Mas, um samaritano que viajava, chegando ao lugar onde jazia aquele homem e tendo-o visto, foi tocado de compaixão.
– Aproximou-se dele, deitou-lhe óleo e vinho nas feridas e as pensou; depois, pondo-o no seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele.
– No dia seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata muito bem deste homem e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar.
Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em poder dos ladrões?
– O doutor respondeu: Aquele que usou de misericórdia para com ele.
– Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo. (S. LUCAS, 10:25 a 37.)”
Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna felicidade:
Bem-aventurados, disse, os pobres de espírito, isto é, os humildes, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que têm puro o coração; bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que quereríeis vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes os outros.
Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar e o de que dá, ele próprio, o exemplo. Orgulho e egoísmo, eis o que não se cansa de combater.
E não se limita a recomendar a caridade; põe-na claramente e em termos explícitos como condição absoluta da felicidade futura.