Transformação
Pai João
O ser humano, de forma geral, apresenta fortes tendências para desejar que os inúmeros caminhos da vida venham a convergir para o completo atendimento dos seus objetivos, dos seus desejos, dos seus sonhos.
Almeja saúde, sucesso, amizades, reconhecimento, notoriedade, enfim, uma vida de fausto, sem percalços, plena de harmonia e paz.
Porém, o tempo continua seu paciente caminhar e, gradativa, mas, inexoravelmente, o ser humano vai se apercebendo de que muitos dos seus objetivos não passam de fugazes ilusões que, sutilmente, vão fugindo das suas mãos, distanciando-se dos seus olhos e, até mesmo, do seu coração.
As responsabilidades, preocupações, decepções, insucessos, tristezas e, também, as alegrias, vão surgindo a cada dia, evidenciando suas incontáveis tonalidades.
Neste vivenciar ininterrupto, o ser humano vê-se compelido a refletir, meditar, aquilatar suas virtudes, seus equívocos, e o que vai fazer para melhor usufruir esta jornada terrena.
Assim agindo, pouco a pouco, vai livrando-se da densa neblina materialista que o envolve e começa a se aperceber das diversas facetas do mundo e a conhecer o verdadeiro degrau em que se encontra estagiando a sua alma.
Gradualmente, passa a conscientizar-se de que a vida lhe proporciona, constantemente, muitas oportunidades e expectativas e, mansamente, como que por encanto, vai compreendendo que as suas tristezas de agora, são, na realidade, as antessalas das suas futuras alegrias, e que as lágrimas, nascidas no vertedouro dos seus sentimentos, vão lavando sua alma, transformando-a, no amanhã, em estrela radiante de fraternidade, caridade e amor.
Quando premido pela dor dos mais diversos matizes, este ser humano, passa a sentir os corações de todos aqueles que o acompanham, nesta jornada, de uma outra forma, com os olhos brandos da compreensão e o sentimento puro da fraternidade.
Principia a dar valor a tudo que tem recebido e, a sentir, no íntimo do seu ser, o arrependimento, seguido do mais profundo remorso por não ter agido como deveria, de não ter feito, por tantos, o que agora tem a certeza de que mereciam.
A partir de então, passa a usufruir outras alegrias, de outros tantos momentos de regozijo e satisfação e inicia um mais seguro e consciente vivenciar.
Seus olhos adquirem a brandura, seus ouvidos a paciência, sua fala a doçura e todo o seu ser se transforma no acalanto da companhia e da amizade.
Assim sendo, vai olvidando, pouco a pouco, as ilusões da matéria, conscientizando-se de que a verdadeira felicidade está, justamente, em levar aos corações ressequidos pelas dores do mundo, estes tesouros do espírito, arduamente conquistados e, agora, ofertados simplesmente, em nome do amor!