Solidão
Pai João
Neste planeta bendito em que militamos, apesar de convivermos, longo tempo, com inumeráveis pessoas, gradualmente, vamos nos conscientizando de que parte delas se encontra envolvida por dorida solidão.
No nosso caminhar, temos o ensejo de usufruir muitas amizades e, durante este convívio, nos apercebemos de que com o mesmo entusiasmo com que nascem, tendem a fenecer, fazendo-nos vivenciar neste interregno, crescente solidão que, aos poucos, vai enregelando o nosso coração, por vezes, fazendo-nos crer que estamos sendo alvo de injusta e amarga ingratidão.
O tempo vai transcorrendo e a vida, por sua vez, pacientemente, vai abrindo suas cortinas, tornando visíveis aos nossos olhos, suas inúmeras facetas e seus incontáveis matizes.
Novas oportunidades, novos lugares, novos seres humanos vão participando do nosso caminhar, enriquecendo nossas experiências, ensinando-nos naturalmente um novo vivenciar.
Muitas vezes, nos encontramos rodeados por algumas poucas almas que conosco comungam os mesmos ideais, porém, na grande maioria das outras oportunidades, apesar de estarmos dividindo nossa presença física com muitas outras pessoas, sentimos que a solidão viera nos visitar, entristecendo nosso semblante e o nosso coração.
Mas, é nesses amargos momentos, que nos sentimos impelidos a direcionar o nosso pensamento a Jesus.
É nestes instantes, que transportamos nossa alma para além da matéria, buscando a companhia do Mestre do Amor, sabedores de que Ele nos escuta, nos ampara, amaina as nossa dores, acarinha a nossa alma, enxuga o nosso pranto e, docemente, nos abraça, acalentando-nos em seu terno regaço.
É, justamente, nesses raros momentos de reflexão e de supremo silêncio, que nos apercebemos usufruindo a presença do Cristo Jesus a envolver a nossa alma.
Ao com Ele dialogarmos, pelas vias do pensamento, sentiremos uma paz inexprimível nos envolver, dando-nos a certeza de que, absolutamente, não estamos sós.
Por mais paradoxal que possa parecer, nesses momentos de dorida solidão, nossa mente é visitada por doce alegria, porque sentimos, definitivamente, a perfumosa presença do Sublime Peregrino dentro de nós e, mesmo estando sós, mesmo que não tenhamos ninguém a quem possamos dirigir nossa palavra, em quem depositar nosso olhar, sentimos, no íntimo do nosso ser, que Jesus foi, por nós eleito, o mais amado dos irmãos.
Portanto, quaisquer que sejam as nossas vicissitudes, quaisquer que sejam os nossos desencantos, não vamos permitir que a solidão em nós faça guarida, porque ela somente se instala quando não temos o Cristo Jesus na alma e nem no coração!