Sete letras, por vezes, compondo um triste hino ao amor, juntam-se, uma a uma, exaltando o suplício da dor.

Referimo-nos à palavra saudade que o nosso coração invade, trazendo consigo, muitas vezes, desencanto e sofrimento.

Os nossos olhos derramam lágrimas de tristeza, arrancadas das profundezas do nosso coração, nosso semblante amargurado, exterioriza a nossa dor, nossas mãos, crispadas, evidenciam nosso desespero e nossos passos, titubeantes, a desarmonia que tomou conta do nosso ser.

Lembramo-nos, saudosos, daqueles amados que se puseram a caminho para o além, levando consigo, fragmentos do nosso coração, parte da nossa alma.

Os dias tomam-se frígidos; intermináveis, pois fomos privados da presença, da palavra, do sorrir, do doce acarinhar daquelas criaturas que tanto amávamos.

Assim, caminhamos, indecisos, sem objetivo, levando a dor como companheira incansável.

O sentido da perda, do não mais ver, sentir, interagir, comprime o nosso peito, angustiando os nossos dias, fazendo brotar dos nossos olhos lágrimas doridas de profunda saudade.

Todavia, os companheiros de jornada que já enveredaram pelos caminhos da espiritualidade, que já amalgamaram, no âmago do ser, a consciência lúcida e incontestável do processo reencarnatório, a iluminar e ampliar os seus horizontes, consideram a saudade, tão-somente, como cariciosa lembrança dos grandes amores que enfeitaram suas vidas.

Amores, estes, que, jamais dirão adeus, deixando, na partida, apenas um até breve, aguardando, no além, as alegrias do reencontro.

Sabem que aqueles que os antecederam na partida rumo a pátria espiritual, onde quer que se encontrem, ofertam-lhes, carinhosamente, seus corações.

Envoltos pela matéria densa, os ouvidos não conseguirão captar suas palavras, porém, tendo as mentes sensibilizadas, captarão seus pensamentos, como se fossem suave melodia, acarinhando suas almas.

A partir de então, a saudade-tristeza dirá o tão esperado adeus, sendo, suavemente, substituída pela saudade-compreensão, deixando a certeza de que, no amanhã das suas vidas, o Pai Amantíssimo, promoverá o justo e feliz reencontro.

Sete letras, que compunham um triste hino ao amor, juntam-se, agora, uma a uma, não mais para exaltar o suplício da dor, mais, sim, para compor belíssimo poema exortando a alegria, enaltecendo a pujança do amor!