Restauradores de Almas
Pai João
Ao visitarmos uma galeria de arte, um antiquário, um museu, logicamente, iremos nos deparar com inumeráveis peças que relatam, por intermédio das suas formas, cores e dos elementos que as compõem, suas histórias, delineando os caminhos que houveram percorrido ao longo dos anos, décadas, séculos …
Sem dúvida, o tempo acabará por alterar-lhes as cores e até mesmo a configuração, fazendo com que, lentamente, venham a perder as suas características, os seus encantos, tornando evidente aos olhos do observador atento, a necessidade imperiosa de restauração, que por certo as farão retornar às origens, resgatando-lhes a essência que os anos se incumbiram de transformar.
Assim sendo, essas peças, ao serem submetidas a um experiente e consciencioso restaurador, este inicia a sua delicada tarefa, reconstruindo as partes afetadas para, em seguida, pacientemente, remover a tinta que lhes cobria a superfície.
Por vezes, ao trabalhar uma ou outra peça, o profissional nota, surpreso, que ao retirar a primeira camada de tinta, a fim de retocá-la, surge-lhe diante dos olhos uma outra, de cor diferente, delatando-lhe que o objeto fora adulterado, perdendo, por consequência, o seu valor histórico, a sua primitiva e verdadeira identidade.
Constatado o fato, o bom profissional, utilizando-se de nova tinta, porém, na cor original da peça, cobre-lhe novamente a superfície desgastada, recuperando-lhe a beleza, o passado, restituindo-lhe o devido valor.
Caro leitor. Procurando, juntamente com você, fazer uma analogia com o que fora exposto, se bem refletirmos, concluiremos que os
Centros Espíritas que, incondicionalmente, acolhem incontáveis corações, constituem-se em valorosos “ Restauradores de Almas “, contribuindo para remover, paciente e amorosamente, as tintas grosseiras, sem brilho e sem beleza que pouco a pouco o mundo da matéria fora sutilmente encobrindo em nossas almas, deslustrando-as, ocultando-lhes a doce essência.
Assim agindo, as Casas Espíritas, verdadeiros educandários do amor, gradualmente, vão recolorindo as nossas almas com as tintas luminescentes da fraternidade, resgatando-lhes a essência que o mundo tentara empanar. Das suas entranhas, então, irá emergir o aroma perfumoso da presença de Jesus acompanhando-nos os passos, incentivando-nos a distribuir as pétalas veludosas da caridade, sem distinção, hoje e amanhã, aqui e acolá, para este e aquele irmão, como Ele próprio faria se estivesse em nosso lugar.