Pérolas Enclausuradas
Pai João
Percorrendo as calçadas do mundo, fatalmente, iremos encontrar seres humanos com os mais diversos pendores, carregando em suas intimidades, a somatória das experiências vividas durante o carreiro das encarnações, que, gradualmente, vai lapidando as suas almas, para que, um dia, venham a brilhar, conquistando, em definitivo, a própria luz.
Muitas destas criaturas, por ora, ainda prisioneiras dos tentáculos pegajosos do egoísmo, tornam-se observadores perspicazes, julgando cada palavra, cada atitude, cada ação, daqueles que lhes presenteiam com o privilégio da companhia, através das lentes embaçadas pelas suas tendenciosas e superficiais análises, o que as impedem de visualizar os tesouros incalculáveis, da fraternidade.
Os seus olhos especializaram-se em descortinar os eventuais equívocos alheios, os seus ouvidos em detectar as palavras desarmoniosas que, eventualmente, alguém possa ter emitido, e, assim agindo, sem se darem conta, vão vestindo a toga da magistratura auto-suficiente e implacável, distanciando-se, cada vez mais, das veredas perfumosas da amizade e do amor.
Com o passar do tempo, transformam-se em pessoas mal-queridas, a palmilharem as vielas da vida, tendo, como inseparável companhia, a gélida solidão.
Incapazes de perceberem as virtudes que as criaturas que as rodeiam já trazem incrustadas em suas almas, somente conseguem, nelas distinguir, densa escuridão, onde, se, fraternalmente, lhes dessem a devida atenção, acabariam por notar, vestígios de luz, prestes a transformarem-se em fulgurantes claridades.
Por estas razões, caro irmão, reflita sobre estas modestas palavras e alicerçando-se nos sábios ensinamentos de Jesus, procure ajuizar, justa e amorosamente, sobre o que, em seguida, estou a lhe propor.
Em todos os momentos que, porventura, usufruir o convívio de quaisquer destes carentes seres humanos, empenhe-se, fraternalmente, para descobrir as pérolas que já trazem imantadas em suas almas, cuja presença, talvez, elas próprias desconheçam, para que venham a luzir, tal qual o Divino Emissário do Amor, há mais de dois milênios, aguarda, pacientemente, que venha a acontecer com cada um de nós.